Sabrina Lombardi Martinez Breslau
Original publicado em 08/01/2013 15:00
Deniele Simões
A esquizofrenia é um distúrbio de ordem psicológica que
afeta cerca de 1% da população mundial. O transtorno pode causar delírios e
alucinações, assim como levar ao enfraquecimento ativo e à perda de vontade e
da autoconfiança.
Sabrina destaca que equoterapia pode auxiliar no tratamento
de diversas patologia
Existe uma série de procedimentos para o tratamento dos
sintomas da esquizofrenia, como o uso de medicamentos e a psicoterapia. Porém,
o que muita gente não sabe é que a equoterapia pode ser uma importante aliada.
A técnica é baseada no contato do paciente com o cavalo.
A fisioterapeuta Sabrina Lombardi Martinez Breslau fala dos
benefícios da prática para o controle da esquizofrenia e de outras patologias.
Ela é autora do livro A equoterapia aplicada no tratamento da esquizofrenia,
lançado recentemente pela Editora Idéias & Letras.
Jornal Santuário de Aparecida – O que é a esquizofrenia e
como a equoterapia pode contribuir para combater os sintomas negativos desse
distúrbio?
Sabrina Lombardi Martinez Breslau – A esquizofrenia é um
distúrbio de ordem psicológica e a equoterapia pode beneficiar no controle
desses pacientes, fazendo com que consigam retornar à sociedade de uma maneira
mais dentro da realidade, de modo que consigam executar as atividades diárias e
ter uma rotina de vida mais próxima da realidade.
JS – Existe um limite de idade?
Sabrina – Não há um limite de idade para nenhum tipo de
paciente ou praticante de equoterapia. A idade não é um fator que
contraindique, mas o surto frequente, a obesidade e pacientes com escaras podem
contraindicar o atendimento. E, no caso da criança, a indicação é a partir de
dois anos, após um exame de raio-x de coluna vertical para constatar alguma
instabilidade ou não.
JS – Você é autora de um livro que conta sua experiência com
equoterapia no tratamento da esquizofrenia. Como surgiu a ideia de escrever a
obra?
Sabrina – A ideia surgiu depois do atendimento com um grupo
de pacientes esquizofrênicos. Logo após, foram obtidos resultados como a
melhora do controle dos surtos, diminuição do estresse dos pacientes, melhora
na concentração e na autoestima. A partir daí, eu sentei e comecei a escrever o
livro.
JS – A quem se destina essa publicação?
Sabrina – A obra foi escrita de uma forma bem simples. É bem
fácil de ser compreendida, tanto para os familiares dos pacientes
esquizofrênicos quanto para os profissionais da área da saúde.
JS – Conte sobre sua experiência com a equoterapia.
Sabrina – Trabalho com equoterapia há mais de 12 anos.
Comecei a fazer atendimento na cidade de Araçatuba (SP) e lá fiquei por seis
anos. Trabalhei também na Universidade de São Paulo em Piracicaba (SP), na
Esalq, no projeto de equoterapia. Tive experiência na Apae de São Manoel (SP) e
atualmente resido na cidade de Bauru (SP), onde tem o Centro de Equoterapia
Bauru, que funciona na Fazenda Santa Rosa. Também tenho praticantes no Centro
de Equoterapia Estrela de Davi, na Apae de Agudos (SP).
JS – Você acredita que a equoterapia é bem difundida no
Brasil?
Sabrina – É preciso haver um pouco mais de colaboração da
mídia para divulgar a equoterapia a todas as pessoas. Essa prática existe há
mais de 20 anos no Brasil, mas ainda necessita de apoio da imprensa para poder
crescer.
JS – Como você avalia o acesso ao tratamento?
Sabrina – A equoterapia torna-se um pouco mais onerosa
porque, no atendimento para uma pessoa, há a despesa do local, do cavalo, de
dois terapeutas e de mais um auxiliar.
Esse é o motivo de ser uma terapia um pouco mais cara. Mas,
a partir do momento que as pessoas compreendem que são dois profissionais na
área da saúde, mais um cavalo terapeuta que vão fazer o atendimento, começa-se
a enxergar o porquê, às vezes, desse valor um pouco mais caro. Uma sessão de
equoterapia custa, em média, R$ 100.
Hoje já existem grandes centros que contam com o apoio de
prefeituras e de empresas. Com isso, consegue-se fazer um trabalho com
descontos.
JS – Por que o cavalo é o animal indicado para essa terapia?
Sabrina – Primeiramente, porque o passo do cavalo vai passar
um movimento tridimensional para o paciente. Ou seja, vai estimular, ao mesmo
tempo, o movimento para cima, para baixo, para a esquerda e para a direita,
além da rotação de quadril. Tudo isso, simultaneamente, vai simular o caminhar
humano. Daí vêm as melhoras, em nível motor.
E o fato de o cavalo, bem preparado, ser um animal dócil e
calmo vai transmitir para o paciente esse recurso positivo de mansidão.
Um outro fator também é que o paciente consegue sentir poder
em cima do cavalo, porque fica em um nível superior de quem está em baixo e
pode conseguir realizar atividades que não conseguiria se estivesse embaixo.
No exemplo de um paciente cadeirante, se você o leva a um
sítio ou uma chácara e pede para ele pegar uma fruta em cima de uma árvore,
pode não conseguir por ser cadeirante. Mas, em cima do cavalo, ele ganha uma
infinidade de possibilidades, como conhecer o lugar onde está, e chegar até uma
fruta em uma árvore. Em uma cadeira de rodas, talvez isso fosse impossível.
JS – Para que tipo de distúrbios a equoterapia é indicada?
Sabrina – Além dos pacientes com distúrbios psicológicos, os
benefícios também se estendem aos portadores de Síndrome de Down, aos autistas,
crianças com distúrbios de aprendizagem e de atenção, pacientes hiperativos,
com sequelas de paralisia cerebral, de traumatismo cranio-encefálico, de
acidente vascular cerebral, entre outros. São diversas patologias que podem
obter progressos com a equoterapia, somada a outras técnicas como a
fisioterapia convencional, a psicoterapia, a psicopedagogia e a fonoaudiologia.
Fonte: jornalsantuario.wordpress.com