Cientistas acreditam ter encontrado sinais em crianças e jovens sobre futuro aparecimento de distúrbios
Artigo publicado em 05/07/2010 20:17
Reuters
LONDRES - Cientistas britânicos acreditam ter encontrado
padrões específicos de atividade cerebral em crianças e jovens que podem ser
sinais ou “marcadores” do futuro aparecimento de doenças mentais como a
esquizofrenia.
Pesquisadores da Universidade de Nottingham, que
apresentaram um estudo no Fórum Europeu de Neurociência, em Amsterdã, disseram
que os padrões sugerem que, no futuro, seria possível identificar pessoas com
risco de ficar doentes antes que os sintomas se desenvolvam.
“Se conseguirmos detectar as pessoas que estão em risco
particularmente elevado de desenvolver esquizofrenia, talvez usando marcadores
neurocognitivos, poderíamos reduzir esse risco e ajudá-las a funcionar melhor”,
disse a médica Maddie Groom, que trabalhou no estudo.
“Se dermos a essas pessoas um começo melhor, elas poderiam
enfrentar a doença de uma forma mais positiva e não piorar tanto”, acrescentou.
Centenas de milhões de pessoas em todo o mundo sofrem de
doenças mentais, neurológicas e de atitudes, como esquizofrenia, transtorno dedéficit de atenção com hiperatividade (TDAH), depressão, epilepsia e demência.
Muitas das pessoas que desenvolvem esse tipo de problemas
têm antecedentes de comportamento que remontam à infância, mas especialistas
dizem que nessa fase é muito difícil detectá-los, pois as diferenças são muito
sutis.
Em um estudo, Maddie e sua equipe investigaram crianças saudáveis
de pessoas com esquizofrenia que tinham um risco levemente maior de desenvolver
a doença em comparação com população em geral.
Utilizando imagens do cérebro para ler os níveis atividade,
os cientistas pediram que as crianças usassem um jogo computador no qual
deveriam responder rapidamente ou relutar a reagir.
“Ao medir a atividade cerebral de filhos de pessoas com
esquizofrenia, ela diminuiu no momento em que as crianças deveriam prestar
atenção ao estímulo e quando deveriam inibir sua resposta”, explicou Maddie.
Isso, segundo ela, sugeriu que as diferenças sutis poderiam funcionar como um
marcador de risco da doença.
Em um segundo estudo, os pesquisadores compararam a
atividade cerebral das crianças com TDAH, um distúrbio mental que afeta de 8% a
12% das crianças e 4% dos adultos em todo o mundo.
Os pesquisadores mostraram-lhes o mesmo jogo de reações
rápidas em várias situações, inclusive quando as crianças estavam tomando
medicação (Ritalina), e, quando não, usaram um sistema adicional de recompensas
e punições.
Os resultados mostraram que crianças que tomam a medicação e
as que receberam incentivos tiveram melhor desempenho do que aquelas que não
tomam remédio e não obtinham nenhuma recompensa.
De acordo com Maddie, isso sugere que os médicos poderiam
encontrar novas alternativas para tratar crianças com TDAH, utilizando uma
combinação de estratégias comportamentais e medicamentos.
Fonte: estadao.com.br
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